terça-feira, 23 de maio de 2017

Cruzamento da Lista de Furnas e Lava Jato, comprometem ainda mais Aécio e Bolsonaro...

Aécio Neves, Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro, José Serra e Geraldo Alckmin, entre outros, constam nas denúncias que constam em processo da Lista de Furnas reaberto no STF


Reaberto no Supremo Tribunal Federal (STF) após o pedido de investigação da Procuradoria Geral da República (PGR), o julgamento do escândalo conhecido como ‘Lista de Furnas’ coloca entre os investigados os principais líderes tucanos. Mas expõe, pela primeira vez no âmbito das denúncias de corrupção, o deputado Jair Messias Bolsonaro (PP-RJ). Ele e o presidiário Eduardo Cunha (PMDB-RJ) estão citados no documento. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também é citado no escândalo.
A ‘Lista de Furnas’ trata-se de uma prova, assim considerada segundo laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, do esquema de propina montado junto às empresas do setor elétrico brasileiro. Vazada para o jornalista mineiro Marco Aurélio Flores Carone, a matéria foi publicada no site de notícias novojornal.com, hoje reduzido a uma sombra do que era, no ano 2000.
Após a publicação da denúncia contra os políticos citados, Carone foi preso por nove meses, em Minas Gerais. Posteriormente, a Justiça o absolveu, após um calvário de sofrimento na prisão. Ao sair do presídio mineiro, Carone decidiu contar à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados quais eram as denúncias que ele pretendia fazer contra o senador Aécio Neves (PSDB). Segundo Carone, o hoje presidente nacional do PSDB e senador da República liderava o esquema de corrupção no segmento que engloba as elétricas Cemig, de Minas Gerais, e Furnas, do sistema Eletrobras. O depoimento foi suspenso no último minuto.

Pressão ilegal

Carone foi preso a mando da juíza Maria Isabel Fleck, da 1ª Vara Criminal da capital mineira, após denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE-MG) por formação de quadrilha, falsificação de documentos públicos e particulares, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa majorada e fraude processual majorada. Todas as acusações caíram, após sua absolvição. Mas a denúncia e posterior prisão serviram ao objetivo de massacrar o denunciante e, fundamentalmente, ganhar um tempo precioso para os envolvidos.
Os promotores, à época, basearam suas denúncias nos contatos entre o jornalista e o lobista Nilton Monteiro. Ele disse depois, publicamente, que decidiu tornar pública a Lista de Furnas após ter colaborado com suposto esquema de desvio de dinheiro da estatal. A juíza, por sua vez, entendeu que ambos faziam parte de uma quadrilha, cujo objetivo seria “difamar, caluniar e intimidar” adversários políticos. O político aí, no caso, era o recém-eleito governador de Minas Gerais, Aécio Neves. A magistrada autorizou a prisão preventiva do jornalista para impedir novas publicações. Disse, ainda, que o NovoJornal seria financiado com dinheiro de origem ilegal. Acreditou que o site não contava com anunciantes suficientes para mantê-lo.

Aécio citado

Carone, amparado pelo bloco parlamentar Minas Sem Censura, que reunia deputados estaduais do PT, PMDB e PRB, negou as acusações. Ele denunciou perseguição política e investida dos aliados do senador Aécio Neves (PSDB) para calar o NovoJornal. Na época, o deputado estadual Rogério Correia (PT) denunciou pressões para calar a denúncia repetida, agora, nos depoimentos do megaempreiteiro Marcelo Odebrecht. Com as novas denúncias, Aécio Neves termina citado em cinco processos diferentes no STF, com a Lista de Furnas em primeiro lugar.
NovoJornal chegou a acusar a irmã de Aécio. Andrea Neves é jornalista e integrou a direção da campanha a presidente do tucano, em 2014. Ela teria procurado anunciantes do site de notícias, à época, para intimidá-los. Queria para que parassem de investir no “jornaleco da oposição”, segundo descreve Carone. O senador Aécio Neves foi procurado, na época, pela reportagem do Correio do Brasil, por meio do diretório nacional do PSDB, para comentar o caso, mas ele optou por não dar declarações.

Marcos Valério

A Lista de Furnas é um documento que revela as quantias pagas a políticos de PSDB, PFL (hoje DEM) e PTB em um esquema de desvio de verbas intermediado pelo publicitário Marcos Valério, em 2000. Trata-se do embrião do esquema que vigorou durante certo período no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deu origem à Ação Penal 470 e culminou no julgamento conhecido como ‘mensalão’.
O objetivo, então, era abastecer o caixa dois de campanha desses partidos nas eleições de 2002. O caso que ficou conhecido como “mensalão tucano”. Envolve as mesmas personagens e operações envolvendo denúncias contra o PT, em 2005. O PSDB nega a existência do esquema, que pode ter movimentado mais de R$ 40 milhões. Também nega, até hoje, a autenticidade do documento, embora a Polícia Federal tenha comprovado, em perícia, que a lista conta com a caligrafia de Dimas Toledo. Tratava-se do então presidente da estatal de energia. Reaberto no STF, após as declarações de Odebrecht, o rito legal será ditado pela Presidência da Corte. No julgamento contra o PT, realizado entre 2012 e 2013, houve a condenação de 36 pessoas.

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